Nas últimas décadas, mais do que nunca, cientistas e pesquisadores conseguiram dar passos importantes em relação ao estudo do câncer, entendendo os mecanismos fisiopatológicos da doença, sua repercussão no organismo humano, formas de se identificar com precisão as chances de uma pessoa vir a desenvolver um tumor baseando-se em estudos genéticos, e mais que isso, hoje é possível marcar células cancerígenas e persegui-las organismo a dentro, a fim de erradica-las.

Todas essas descobertas e avanços se deram no campo da medicina clássica, que a séculos vêm traçando estratégias que buscam “curar” enfermidades. No entanto, nesta busca pela sobrevivência e aumento nas perspectivas de vida, cientistas, médicos e estudiosos sempre se deparam com obstáculos que os fazem limitados.
Nesse cenário, ingressa a medicina integrativa que valoriza não só o corpo humano, mas também a mente do indivíduo e sua espiritualidade. Nesse novo conceito de medicina, o organismo humano é tratado como um todo e não em camadas, de forma que se possa traçar estratégias diferentes do convencional, o que vem apresentando resultados positivos, principalmente em países mais desenvolvidos como Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, França, Reino Unido e Canadá.
Para um doente terminal, não importa de o marcador imunohistoquímico deu positivo ou negativo, pois ele quer ficar bom! Mesmo sabendo que o positivo ou negativo pode representar isso. Para uma jovem diagnosticada com câncer de mama, não importa se é herança familiar ou se ela foi a primeira da família, e sim se vai poder fazer uma ressecção parcial ou total, para um homem em sua sexta década de vida, remover a próstata para se livrar de um tumor é quase rotina.
No entanto, isso não é suficiente, pois em todos os casos, os níveis de bem-estar dos indivíduos são drasticamente reduzidos, e com isso reduz-se a vontade de lutar, de viver e de ser feliz.
Quando falamos de medicina integrativa, falamos de uma equipe multiprofissional que busca atender o ser humano em três esferas: corpo, mente e espirito, lhes garantindo bem-estar, acelerando o processo de cura ou até mesmo garantindo que o próprio organismo seja autossuficiente em reestabelecer o equilíbrio quebrado pela enfermidade.
Quando um paciente desenvolve um câncer, não se pode tratar apenas o corpo e achar que depois de uma cirurgia tudo está resolvido e ponto final. É necessário avaliar a extensão do problema na esfera emocional da pessoa, levando em conta o próprio “Eu” do paciente.
Hoje, mais do que nunca, o mundo nos dá espaço para associar várias estratégias em busca da cura do paciente, hoje falamos em healing, termo inglês, que significa “restabelecer a saúde”, falamos de espiritualidade como as qualidades mentais e atitudes práticas. As qualidades mentais seriam as que permitem ao individuo proporcionar consolo e bem-estar aos outros e a si mesmo. As atitudes práticas seriam atividades intencionais que envolvem tanto uma transformação interna de quem as pratica como ações motivadas para ajudar os outros, nas palavras de Saki F. Santorelli, autor de The Pull of The Soul toward the Possible: the Emerging Vision and Work of the Center for Mindfulness. Por fim, sabemos que a mente não é “algo” dentro do cérebro e sim um sistema complexo e somático que responde por todo o organismo, o que sugere que, em muitos casos, manifestações físicas da doença podem ter cunho emocional bem como espiritual.
Nos próximos anos, veremos a medicina integral ser utilizada com eficiência para tratar o câncer e outras doenças crônicas até então tratadas apenas por medidas paliativas e inconclusivas. Basta saber se o nosso modelo de saúde está preparado para esta evolução conceitual e prática.