O lúpus é um exemplo de doença autoimune do tecido conjuntivo, ou seja, doença causada pelo próprio sistema de defesa do organismo, que reconhece tecidos do nosso organismo (principalmente pele, articulações, rins, coração, tecido nervoso, cérebro e fígado) como estranhos e inicia um processo de inflamação e destruição no local.
Assim como a maior parte das doenças autoimunes a origem da doença ainda é desconhecida, mas especula-se que existam fatores genéticos, hormonais e ambientais envolvidos. A doença pode ser dividida em 3 tipos principais:
– Lúpus cutâneo: acomete pele, principalmente nas regiões expostas à luz solar e manifesta-se com lesões avermelhadas, também chamadas de eritematosas.
– Lúpus sistêmico: quando há acometimento de um ou mais órgãos internos.
– Lúpus induzido por drogas
O lúpus pode ocorrer em qualquer sexo, idade ou raça, porém é mais comum nas mulheres, e em indivíduos afro-descendentes e mestiços.
Os sinais e sintomas são variáveis, dependem do indivíduo e do tipo da doença. Os sintomas gerais são: perda de apetite, aumento de linfonodos (íngua) dores no corpo, mal-estar, emagrecimento, febre, fraqueza, desânimo, feridas na boca, queda de cabelo, aumento de sensibilidade à luz (fotossensibilidade) e apatia. Na pele, podem surgir manchas bem avermelhadas, principalmente na região da maçã do rosto (lesão em asa de borboleta) além de vasculites, que são inflamações nos pequenos vasos da pele, gerando manchas bem vermelhas principalmente na ponta dos dedos o s pés e mãos. Quando sistêmico pode acometer articulações, rins, coração, entre outros órgãos, causando dores intensas nos locais de acometimento e até hipertensão arterial.

O diagnóstico é basicamente clínico, ou seja, o médico baseia-se nos sinais e sintomas do paciente. Exames laboratoriais também podem ser úteis para a confirmação do diagnóstico, principalmente nos casos de dúvida. Os principais exames guia são:
– FAN (fator ou anticorpo antinuclear): quando encontrado títulos altos deste anticorpo no sangue, somado às manifestações clínicas bem evidentes, este exame dá quase 100% de certeza do diagnóstico.
– Anticorpo anti-SM e anti-DNA são anticorpos muito específicos para o lúpus, ou seja, se positivo, confirma o diagnóstico, porém seu título só se eleva em 40% a 50 % dos pacientes com a doença em atividade.
De acordo com a Sociedade Americana de Reumatologia o diagnóstico definitivo de lúpus é feito quando há 4 ou mais dos sintomas listados abaixo:
- Eritema malar (pele avermelhada com lesão típica em “asa de borboleta”)
- Lesões discoides cutâneas
- Fotossensibilidade
- Úlceras na mucosa oral e/ou nasofaríngea
- Artrite não-erosiva de duas ou mais articulações periféricas, com dor, edema, calor e vermelhidão
- Alterações no sangue (anemia hemolítica ou leucopenia, linfocitopenia ou plaquetopenia) na ausência de uma droga que possa produzir achados semelhantes
- Anormalidades imunológicas (anticorpo antiDNA de dupla hélice, antiSm, antifosfolipídio e/ou teste sorológico falso-positivo para sífilis)
- Fator antinuclear (FAN) positivo
- Serosite (inflamação das serosas / pleurite ou pericardite)
- Alterações neurológicas: convulsões ou psicose sem outra causa aparente
- Anormalidades em exames de função renal: proteinúria (eliminação de proteínas através da urina) maior do que 0,5 g por dia ou presença de cilindros celulares no exame microscópico de urina
O tratamento do lúpus é fito com fármacos que modulam o sistema imunológico, impedindo-o de continuar a destruir os tecidos, e inclui: corticoides, antimaláricos e os imunossupressores. Já os sintomas mais leves podem ser tratados com analgésicos e anti-inflamatórios mais leves.
Como se trata de uma doença crônica, ou seja, sem cura, é muito importante o diagnóstico precoce, o tratamento correto e o acompanhamento do doente pelo médico reumatologista, a fim de se evitar complicações e evolução da doença.